Lugar Nenhum
Lugar Nenhum é uma série em expansão, aonde eu utilizo processos alternativos de criação de imagens sem o uso de câmera fotográfica. Utilizando papel sensível à luz, verniz e químicos de revelação, busco criar o que não se vê. A dinâmica dos líquidos, o acaso e a luz materializam meus gestos e anseios no papel.
Esse estudo se iniciou com a vontade de rasgar, vincar, ferir o papel como uma espécie de teste de resiliência meu e do material, seguindo minha intuição e o acaso. Por fim descobri um rompimento com a busca da forma perfeita, sempre muito presente em minhas pesquisas, e o surgimento de formas orgânicas impulsionadas pelos líquidos. Os gestos ocupam um espaço no papel e criam composições que se parecem com a recriação dos continentes, um possível mundo unido por suas marcas.
Para mim, esses mundos imaginários de Lugar Nenhum navegam entre a minha memória e o esquecimento. Tudo aquilo que eu não conheço pode estar contido nessas imagens abstratas que se remetem a lugares. Sem nunca assumir que eu ansiava pela liberdade, até começar esse trabalho, eu a achei. Esses mundos podem ser o porto seguro para qualquer um.
Nestes quimigramas eu utilizo papel fotográfico de fibra Ilford e Foma, revelador, fixador, verniz, luz, água, e minhas mãos para marcar o papel. Por mais que os materiais sejam sempre os mesmos, minhas ações e as reação dos agentes químicos com a luz e o papel não permitem que o resultado final seja o mesmo, nem sequer parecido, por isso a natureza única do trabalho.